Cinquenta deputados franceses querem que as publicações indiquem as fotografias que foram alteradas. O objectivo é combater estereótipos e doenças como a anorexia. Mas a medida pode não ser eficaz.
Um grupo de 50 deputados do parlamento francês pretende que seja aprovada uma lei que obrigue as publicações a identificar as fotografias onde a aparência corporal é "retocada" através de programas de edição de imagem. Segundo a deputada Valérie Boyer, citada pelo "The Daily Telegraph", "estas fotografias levam as pessoas a acreditar numa realidade que não existe" e têm efeitos nocivos nas adolescentes.
"Muitos jovens, principalmente raparigas, não sabem distinguir entre o virtual e a realidade, e podem desenvolver complexos desde muito cedo. Que, em certos casos, levam à anorexia, bulimia ou outros problemas graves de saúde ", prosseguiu, acrescentando que não se pretende prejudicar a criatividade dos fotógrafos ou dos publicitários.
De acordo com o texto da proposta, citado pela France Press, se a lei for aprovada, as imagens passarão a estar acompanhadas da informação: "Fotografia retocada com o objectivo de modificar a aparência corporal de uma pessoa". Aos infractores será aplicada uma multa de 37.500 euros. Nuno Pinto Martins, director-adjunto do "24 Horas", explicou ao JN que, apesar da sua publicação não ter por hábito o recurso a estas imagens, considera que a medida "é uma forma de proteger o leitor até à última instância". Porém, alerta para o facto de esta poder não ter a eficácia que os proponentes da lei pretendem.
"Quando se usa (a alteração das fotografias) não é para tornar magra uma pessoa que está gorda. O que se faz são pequenos retoques", explicou, acrescentando que em alguns casos, as modificações são feitas por exigência das próprias manequins.
Por isso, considera o responsável, na medida em que informa os leitores sobre com o que é que contam, a proposta de lei pode ser positiva, mas não irá evitar os problemas de saúde que servem de fundamento à iniciativa legislativa. E "do lado de quem publica, se calhar vai haver resistência", rematou. Além da Imprensa escrita, a proposta de lei abrange também as imagens das embalagens e as fotografias para campanhas publicitárias e políticas.
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