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segunda-feira, 2 de novembro de 2009
VESTIBULAR DESIGN UNIESSA UBERLÂNDIA
domingo, 4 de outubro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
As formas mestiças da mídia
© Eduardo Cesar |
O vasto auditório do Memorial da América Latina, com 870 lugares, estava lotado na tarde da segunda-feira, 17 de agosto. Viam-se sobretudo rostos jovens emergindo na quase penumbra da plateia, e era isso o surpreendente: difícil entender de primeira por que tantos deles tinham livremente decidido participar da instalação do Fórum Permanente dos Programas de Pós-Graduação de Comunicação do Estado de São Paulo, programação no mínimo um tanto aborrecida para fases e tempos inquietos da vida. Registre-se, a propósito, que em São Paulo estão hoje 14 dos 34 programas de pós em comunicação existentes no país. Sem sinais explícitos de impaciência, enquanto se sucediam as falas dos integrantes da mesa, a verdadeira expectativa que dominava o auditório, entretanto, era a aula magna do professor Jesús Martín-Barbero que abordaria a comunicação no presente.
Barbero começou a falar e logo lançou a pergunta de caráter epistemológico sobre “como pesquisar a comunicação hoje”. Entrou pelo conceito moderno de incerteza e suas raízes fincadas na lógica difusa (ou lógica fuzzy), passou por Merleau-Ponty e sua descrença nas leis da história, declarada em 1956, junto com a afirmação de que a história só é pensável em termos de ambiguidade, e deteve-se no medo que hoje nos provoca um conceito novíssimo de informação, o da informação genética.
O professor passeou o olhar pelas metodologias de pesquisa em comunicação fundadas no estruturalismo, no marxismo e no funcionalismo e aportou no ecossistema especial em que os homens contemporâneos veem e são vistos (algo como o “terceiro entorno” de Javier Echeverría ou o “bios midiático” de Muniz Sodré). Estava na seara da imagem sob todas as formas, no campo especial da comunicação já nem tanto concebido a partir de um conjunto de meios e aparelhos que se transformam, se desfazem e refazem “ante nossos olhos”, mas tateado com uma atenção especial para a internet e o computador, que trazem “algo de radicalmente novo” à história dos homens. Um “algo”, para Barbero, jamais comparável à imprensa, ao avião ou a qualquer das máquinas fundamentais das mais conhecidas revoluções tecnológicas, e comparável, como quer Roger Chartier, à invenção do alfabeto. Algo radical a ponto de assinalar uma divisão entre épocas – ou eras. “Estamos na crise. O velho já morreu e não conhecemos ainda o que está por vir”, Barbero disse, trazendo Gramsci para a plateia.
Na véspera ele já dissera à Pesquisa FAPESP que os meios e os gêneros que os meios produzem estão sendo reinventados à luz da interface da televisão com a internet, numa interação e contaminação que desestabilizam os discursos próprios de cada meio e criam o que ele tem nomea do de “as formas mestiças da comunicação”. Formas um tanto incoerentes que atuam transversalmente em todos os meios.
Esse homem de quase 72 anos é, como apresentou Maria Immacolata Vassalo Lopes, coordenadora do programa de pós-graduação em comunicação da Universidade de São Paulo (USP), um “cidadão latino-americano nascido na Espanha”, em Ávila. Barbero escolheu a América Latina como lugar para viver e sobre o qual pensar muito cedo, quando a Espanha, sob a ditadura de Francisco Franco, “era um lugar muito triste”.
Autor, entre outras obras, do já clássico Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia (Editora UFRJ, 5ª edição, tradução de Ronald Polito e Sérgio Alcides), Ofício de cartógrafo: travessias latino-americanas de comunicação na cultura (Edições Loyola, 2004, tradução de Fidelina González) e Os exercícios do Ver: hegemonia audiovisual e ficção televisiva, este em coautoria com Germán Rey (Editora Senac, 2004, tradução de Jacob Gorender), Jesús Martín-Barbero é doutor em filosofia pela Universidade de Louvain e pós-doutor em antropologia e semiologia na Escola de Altos Estudos em Paris. Em seu currículo, há que se destacar a criação do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidad del Valle, Colômbia, que se transformou em Escola de Comunicação Social, e suas atividades de professor e pesquisador nas universidades Complutense de Madri, Autônoma de Barcelona, de Guadalajara e na Escola Nacional de Antropologia e História do México. No segundo semestre de 2008 foi professor visitante na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Hoje é professor e coordenador de pesquisa da Faculdade de Comunicação e Linguagem da Universidade Javeriana de Bogotá. A seguir, os principais trechos da entrevista (esta é a versão mais completa da conversa, editada especialmente para o site).
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Anúncio de fotos 'retocadas' em debate
Cinquenta deputados franceses querem que as publicações indiquem as fotografias que foram alteradas. O objectivo é combater estereótipos e doenças como a anorexia. Mas a medida pode não ser eficaz.
Um grupo de 50 deputados do parlamento francês pretende que seja aprovada uma lei que obrigue as publicações a identificar as fotografias onde a aparência corporal é "retocada" através de programas de edição de imagem. Segundo a deputada Valérie Boyer, citada pelo "The Daily Telegraph", "estas fotografias levam as pessoas a acreditar numa realidade que não existe" e têm efeitos nocivos nas adolescentes.
"Muitos jovens, principalmente raparigas, não sabem distinguir entre o virtual e a realidade, e podem desenvolver complexos desde muito cedo. Que, em certos casos, levam à anorexia, bulimia ou outros problemas graves de saúde ", prosseguiu, acrescentando que não se pretende prejudicar a criatividade dos fotógrafos ou dos publicitários.
De acordo com o texto da proposta, citado pela France Press, se a lei for aprovada, as imagens passarão a estar acompanhadas da informação: "Fotografia retocada com o objectivo de modificar a aparência corporal de uma pessoa". Aos infractores será aplicada uma multa de 37.500 euros. Nuno Pinto Martins, director-adjunto do "24 Horas", explicou ao JN que, apesar da sua publicação não ter por hábito o recurso a estas imagens, considera que a medida "é uma forma de proteger o leitor até à última instância". Porém, alerta para o facto de esta poder não ter a eficácia que os proponentes da lei pretendem.
"Quando se usa (a alteração das fotografias) não é para tornar magra uma pessoa que está gorda. O que se faz são pequenos retoques", explicou, acrescentando que em alguns casos, as modificações são feitas por exigência das próprias manequins.
Por isso, considera o responsável, na medida em que informa os leitores sobre com o que é que contam, a proposta de lei pode ser positiva, mas não irá evitar os problemas de saúde que servem de fundamento à iniciativa legislativa. E "do lado de quem publica, se calhar vai haver resistência", rematou. Além da Imprensa escrita, a proposta de lei abrange também as imagens das embalagens e as fotografias para campanhas publicitárias e políticas.
Inscrições para 2º Concurso de Fotografia da Fag vai até outubro
O prêmio da categoria Amador será um iPod e para a categoria Profissional, um fim de semana em Foz do Iguaçu...
sábado, 19 de setembro de 2009
Pentax traz novo modelo de câmera fotográfica SLR
autor: andrei
Segundo a Pentax, "é a chance perfeita dos usuários de darem um passo adiante e saírem das máquinas 'aponte e fotografe' para as digitais SLR, que possuem mais opções de ajustes para cada ambiente de fotografia e definições de qualidade quando comparadas aos modelos antigos".
Acompanhe as especificações da K-x:
- Alta resolução de 12.4 megapixels, sendo que o sensor de imagens CMOS reduz a "tremedeira" irregular e excessiva das mãos e permite a captação estabilizada de imagens e vídeos;
- Tela LCD de 2,7 polegadas que contém a função Live View com contraste e reconhecimento de até 16 faces;
- Gravação de vídeos widescreen na resolução 1280 x 720, o que gera imagens em 720p de qualidade de alta definição, a 24 quadros por segundo;
- Processamento e filtragem de modos que produzem imagems em alta definição, enquanto usa-se livremente efeitos especiais para moldar as fotografias
- Alcance composto pela tecnologia High Dynamic Range (HDR), que caputra três imagens e as fundem em uma e procura por melhores apresentações de sombra, iluminação e foco;
- Rápida captura de 4.7 quadros por segundo e velocidade de clicagem automática de até 1/6000 por segundo, para fotografias em que exigem sequência de acontecimentos;
- Modos automáticos, para cenas intuitivas aos novatos em fotografia;
- Consegue tirar até 1900 fotos com as iniciais pilhas de lítio que a máquina traz.
A câmera, que virá nas cores preta e branca e terá duas edições limitadas nas cores vermelho e azul-marinho, será vendida por $ 649,95, cerca de R$ 1300. Seu lançamento acontece em outubro deste ano. Mais informações sobre a funcionalidade da câmeraneste link.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Exposição “121” celebra os 121 anos de Uberlândia...
Em homenagem aos 121 anos de Uberlândia, dez fotógrafosprofissionais e amadores vão expor suas obras na mostra “121”, que começa hoje, na Galeria de Arte Ido Finotti. São 50 trabalhos que reproduzem temáticas da cidade, como cultura e arquitetura. “O objetivo é incentivar estudos e práticas fotográficas, além de divulgar o trabalho do nosso grupo”, disse Paulo Franco, presidente do Fotoclube de Uberlândia.
Cada fotógrafo vai apresentar cinco trabalhos, com recortes darealidade. “Não é rigorosamente uma expressão das coisas. Na verdade, o fotógrafo faz um recorte e exibe um aspecto, influenciado pela sua forma de ver o mundo”, disse.
“A exposição é, sem dúvida, uma excelente forma de disseminação da fotografia, não só pela divulgação, mas pela prática, que vem crescendo bastante com o avanço da fotografiadigital”, afirmou Thomaz Harrell, fotógrafo profissional, que reside em São Paulo, autor de diversos livros de fotografia e um dos integrantes da mostra.
A exibição é organizada pelo Fotoclube de Uberlândia, criado no ano passado. “Em uma noite de maio de 2008 nos reunimos e fundamos o Fotoclube de Uberlândia para buscar e disseminar os conhecimentos necessários à arte de fotografar”, disse Franco. Além de promover encontros, o grupo realiza cursos e palestras e incentiva a produção de fotografias como documentos sociais.
Em 2009 já foram realizadas as mostras “Arquiteturas do Fundinho”, “Calçadas de Uberlândia” e “Natureza no Parque do Sabiá”. “Hoje somos um dos quatro fotoclubes existentes em Minas Gerais”, afirmou. Paulo Franco é professor do curso de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e apaixonado por fotografia há 40 anos. “Sou amador, no sentido literal da palavra, por não exercer como profissão e por amar o ofício. É uma forma de olhar o mundo ao nosso redor”, disse.
Os amantes da fotografia que têm interesse em associar-se ao Fotoclube de Uberlândia podem enviar um e-mail paraufotoclube@gmail.com e informar o motivo que o faz querer fazer parte do grupo.
Beto Oliveira |
Paulo Franco é presidente do Fotoclube de Uberlândia e participa da mostra |
Saiba mais
Expositores
Anésio Costa
Cecília Heinen
Cíntia Guimarães
Júlia Maia
Larissa Lima
Nágila Pires
Otávio Paes
Paulo Augusto
Paulo Franco
Thomaz Harrell
Mostra “121”
Local: Galeria de Arte Ido Finotti - av. Anselmo Alves dos Santos, 600
Quando: até 2 de outubro
Horário: 12h às 18h
Informações: http://ufotoclube.blogspot.com
Entrada franca
domingo, 13 de setembro de 2009
Entre cachorros, notas fiscais, espantalhos e baratas
Daniela Jacinto - fonte: http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=42&id=218689
Notícia publicada na edição de 12/09/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 2 do caderno D - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.Fotografia alcança o mercado de arte: diversas feiras e salões acontecem em São Paulo
Não importa exatamente o que é. Podem ser cachorros, notas fiscais, espantalhos ou mesmo baratas. O que vale não é o objeto representado, mas sim o olhar sobre essa imagem, o significado que pode ser atribuído a ela e, principalmente, aquilo que mais incomoda: o detalhe que o fotógrafo insiste que o público veja, ou enfrente. Aos poucos, a fotografia tem ocupado um importante espaço dentro do mercado de arte no país. Ainda de modo tímido, galerias renomadas têm contribuído com a divulgação de importantes trabalhos reconhecidos internacionalmente e que começam a despertar o interesse dos investidores brasileiros. Com a abertura desse espaço, as galerias começam a lançar um ou outro talento.
É possível observar o quanto a fotografia está em evidência pela quantidade de eventos relacionados a essa área como salões, exposições e workshops. Neste mês, em São Paulo, serão realizadas grandes mostras, que vale a pena serem conferidas. Entre os destaques estão a SP-Arte/Foto, no Shopping Iguatemi; a SP Photo Fest, no Museu da Imagem e do Som (www.spphotofest.com.br); e a exposição em homenagem ao pai do fotojornalismo contemporâneo, Henri Cartier-Bresson, no Sesc Pinheiros - esta última começa no próximo dia 17 e vai até 20 de dezembro. Para conferir as outras, é melhor se programar rápido, porque ficam pouco tempo em cartaz: terminam amanhã, dia 13.
A reportagem esteve presente na inauguração da SP-Arte/Foto, que está em sua terceira edição e já é considerada a maior feira de fotografia do país. Participam dela 17 galerias de arte e mais de 100 artistas, entre jovens talentos e nomes consagrados no circuito nacional e internacional. Para se ter uma ideia da importância, esteve presente ontem na feira Mark Lubell, o diretor executivo da Magnum Photos, situada em Nova York, a famosa agência de fotojornalismo que é referência no mundo, fundada por Henri Cartier-Bresson. Elliott Erwitt, também da Magnum, foi para a inauguração e ainda participou de um bate-papo com o público sobre o livro que lançará pela Cosac Naify em 2010. Também marcaram presença na feira Bonni Benrubi, da galeria de Nova York que representa o fotógrafo Abelardo Morell, artista cubano radicado em Boston e que tem chamado a atenção pela série Câmera Obscura.
As obras expostas na feira têm preços que variam de R$ 1 mil a R$ 80 mil, valores razoáveis diante de outros trabalhos. Um Miguel Rio Branco, por exemplo, tem obra em galeria que chega a R$ 150 mil. Já um Mário Cravo Neto chega a valer R$ 100 mil, dependendo da imagem. Na feira, podem ser encontrados trabalhos com preços menores.
O conjunto das obras das galerias é representado ainda por artistas como Otto Stupakoff, Cláudia Jaguaribe, Luiz Braga, artista escolhido para representar o Brasil na Bienal de Veneza de 2009, e os internacionais Neil Hammon (artista selecionado na última Bienal de Veneza), Thomaz Farkas (húngaro naturalizado brasileiro), Elliott Erwitt, Nicola Constantino e Michael Wesely, entre outros.
Sob direção geral de Fernanda Feitosa, a feira conta com galerias como Arte 57, H.A.P. Galeria, Paulo Darzé Galeria de Arte, Galeria Nara Roesler, Fass (atua no mercado da fotografia autoral e histórica no Brasil), Galeria de Babel (pioneira entre as galerias brasileiras a se dedicar exclusivamente à fotografia e única representante da Magnum Photos no país) e Instituto Moreira Salles (que realiza um trabalho de preservação e está entre as maiores instituições dedicadas à cultura no Brasil), entre outras.
Encontros e lançamentos
Além da exposição, a feira oferece ciclo de encontros, que consiste em conversas com os profissionais convidados, e uma tarde de lançamentos e autógrafos. Hoje, o ciclo começa às 12h, com Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Européenne de la Photographie; e Milton Guran, fotógrafo e coordenador geral do Fotorio. Já os lançamentos serão das 12h às 17h e contam com a presença de Cláudia Andujar (Marcados, Cosac Naify); Alair Gomes (A New Sentimental Journey, Cosac Naify); e Ivan Cardoso (De Godard a Zé do Caixão, Funarte, e O Mestre do Terrir, Remier).
Na exposição, podem ser encontradas fotografias nos mais variados estilos e técnicas. Há trabalhos a partir de colagem, sobreposições de imagens, molduras em caixas que ajudam a destacar as cores, e até mesmo pode ser encontrado no local um daguerreótipo (cristal por onde podem ser vistos os retratos, muito usados durante as décadas de 1840 e 1850), enfim, tem um pouco de tudo. Quem for conferir, pode ter certeza que é impossível sair do evento sem vontade de ter uma câmera à mão. Acompanhe nesta reportagem um pouco da visita à exposição:
SÓ POR ES-TAR (de Lenora de Barros, galeria Millan) - Já na entrada da feira, a primeira obra chama a atenção. Nos pés, que ensaiam passos de dança, é possível decifrar a mensagem: Es-tar em si só por es-tar sal-ti- tan-do so-bre as sí- la-bas do si-lên- cio. Trabalho que une artes visuais e poesia.
IAN (de Otto Stupakoff, Instituto Moreira Salles) - Uma sensível crítica ao antigo sistema de ensino, que impunha castigo às crianças. Foto de 1963. Ian é filho de Otto, o primeiro fotógrafo de moda brasileiro a fazer editoriais para as revistas mais importantes do mundo.
ESPANTALHOS (de Cao Guimarães, galeria Nara Roesler) - Uma interessante sequência de quadros que começa com o olhar para simples espantalhos e culmina na transformação desses espantalhos em pessoas, lembrando os trabalhadores rurais, eles próprios causando espanto. É uma das obras mais impressionantes.
BODA GADEA (de Martin Chambi Jimenez, galeria Fass) - Boda del Prefecto Julio Gadea, Cusco, 1931. Essa foi eleita a melhor fotografia da feira pelo francês radicado em Nova York Elliott Erwitt, famoso fotógrafo da Magnum, que fez fotos históricas como a de Marilyn Monroe, Che Guevara e Simone de Beauvoir. Elliott é ainda conhecido por suas fotografias de cachorros. Dentre todas as imagens que já viu e fotografou, tem alguma que não sai de sua memória?, questionou a reportagem. Eu esqueço todas, tenho uma péssima memória, desconversou, emendando que ainda busca fazer algo que seja inesquecível. Todos os dias eu acordo pensando que vou conseguir tirar essa foto. Elliott ainda comentou sobre o lançamento de seu mais novo livro, já divulgado na Europa, e que chega aqui em 2010. Esse trabalho ele assina com um pseudônimo para se desvincular da imagem mais séria do fotojornalista. As imagens do livro são como a de um amador que se fascina com coisas simples, como o Carnaval. Sobre sua preferência em fotografar cachorros, Elliott disse que a vantagem é que eles não reclamam e também não ficam pedindo fotografias. Por fim, descartou o humor de sua obra: pelo contrário, penso que meu trabalho é trágico.
SÉRIE DOGS (de Elliott Erwitt, Galeria de Babel) - A cantora Wanderléia também esteve presente na inauguração da feira. Acompanhada do cineasta Rodolfo Vanni, da produtora Cia. de Cinema, ambos foram prestigiar o trabalho da filha Jadde Flores, que estuda artes plásticas na Faap e faz parte da equipe SP Arte/Foto. Adoro as obras de Elliott, são um arraso!, disse a cantora. Essa famosa série mostra uma pessoa com rosto de cachorro (na verdade o cachorro está no colo, mas o rosto da pessoa não aparece, apenas a cabeça do animal).
O SÁBIO (de Cinthia Marcelle, galeria Silvia Cintra) - A fotografia explora uma visão geométrica de composição. O título da obra conduz a significados.
SEM TÍTULO/SÉRIE DAS BANDEIRAS (de Marcius Galan, galeria Silvia Cintra) - Parece tratar-se de colagem de notas fiscais e comprovantes de cartão de crédito, mas o artista uniu tudo e tirou uma foto.
SERVIÇO:
"SP-Arte/Foto 2009"
Local: Shopping Iguatemi (av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232, 9º andar). As visitas podem ser feitas neste sábado e domingo, das 14h às 21h). Entrada gratuita. Outras informações: www.sp-arte.com.
Exposição rememora casamentos
GALERIA
Exposição traz fotografias de casamento realizados em Limoeiro do Norte em diversas épocas, evidenciando valores sociais e culturais envolvidos nesta celebração (Foto: Melquíades Júnior)
Fotos do casamento eram tiradas até mais de um ano depois do enlace, em estúdios de Fortaleza e Aracati (Foto: Melquíades Júnior)
Fotografados e parentes se emocionam ao visitar a exposição, na Biblioteca Municipal de Limoeiro do Norte (Foto: Melquíades Júnior)
Matrimônio ainda é uma das celebrações mais importantes da sociedade, tanto que merece registro para a posteridade (Foto: Melquíades Júnior)
Fotografias do fim do século XIX até a primeira metade do século XX revelam usos a importância da festa
Limoeiro do Norte Na época em que casamento era a principal festa familiar, a sociedade se reunia em torno da celebração do matrimônio. Capitão, coronel, comerciante, vereador, prefeito, dentista, médico, advogado, ou um filho e filha de algum desses titulares realizavam um concorrido evento. Diferentes figurinos, poses e locações de fotos revelam a opulência social e a cultura que fizeram história no Interior. A exposição "Casamentos de Limoeiro do Norte", que está em cartaz desde agosto na Biblioteca Pública João Eduardo Neto, revela um retrato histórico da cidade, uma apanhado biográfico de famílias ilustres e anônimas. A curadoria é do artista plástico Antônio Nogueira Régis.
Casar com toda pompa, assumir o compromisso no papel e com Deus na igreja era para poucos. Afinal, vestido, véu, grinalda, terno, gravata, festa, bolo e, principalmente, fotografia, eram luxos para os mais abastados. Sede de uma diocese, Limoeiro do Norte foi palco de milhares de casamentos. Mas a possibilidade de ser casado por um bispo atraía casais até de cidades vizinhas. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição ficava cheia. Os convidados usavam a roupa da missa de domingo ou mandavam fazer traje novo. Os noivos vestiam terno do melhor tecido, comprada em Fortaleza ou Aracati.
Quando não havia carro, os noivos chegavam de carroça, muito bem ornamentada. A festa ocorria nos casarões dos emergentes da cera de carnaúba, liberada até para o casório do parente "não-rico". A exposição conta com 30 quadros de matrimônios, reproduzidas dos álbuns das famílias para a vista de qualquer visitante.
Lá está José Vidal de Sousa Maciel, 3º Intendente de Limoeiro, e sua esposa Maria Escolástica do Espírito Santo. Ele na frente, sentado, ela em pé, do lado. A foto é de 1890. Não se sabe onde foi tirada a foto - algumas eram produzidas somente dias após o casamento, em estúdios fotográficos de Fortaleza e Aracati. Ter uma fotografia de casamento era um luxo na segunda metade do século XIX e primeira do século XX.
O dentista João Eckner Eduardo e sua esposa Tereza Eduardo Nunes casaram há 47 anos. Fizeram as fotos em estúdio de Fortaleza. Dona Terezinha guarda muitas fotografias de casamento, de familiares a amigos. Em alguns casos, a foto do casamento era produzida mais de um ano após a celebração na igreja, quando dava para pagar a viagem ao estúdio de fotografia.
A dona-de-casa Elizomar Saraiva visita a exposição fotográfica. "Olha como ela era linda", aponta para a foto de 1960 de dona Rocilda Rodrigues e seu esposo Eliezer Rodrigues, dois anos após o casamento, época em que Rocilda era apontada como uma das moças mais belas da cidade.
A moda se transforma através do tempo, mas o vestido de noiva é o objeto de desejo das mulheres que vão casar. Em outras épocas, usar saia acima do joelho era uma afronta. Mas na década de 60, dona Socorro Coelho põe grinalda, sandália e um vestido branco bem acima do joelho. Era o sucesso da minissaia, não só uma moda, mas um ícone da moderna feminilidade, da mulher que casa com quem quer e veste o que quer.
"Cada foto, em cada pesquisa, nos mostra um retrato da sociedade da época, das pessoas que ali viviam, e isso só reflete a importância não só que o compromisso conjugal tem como a preservação da memória da cidade", afirma Antônio Régis.
A professora Manuela Santos confere a exposição fotográfica e decide levar a foto dos pais para se somar ao acervo, que inclui casais mortos e vivos, como dona Maria Alice e seu Raimundo Saraiva.
Este ano comemoraram com toda a família os 50 anos de casados. Os filhos, netos e bisnetos registraram tudo em fotos, dessa vez digitais.
CASAMENTOS
Exposição deve se tornar itinerante
Limoeiro do Norte A exposição começou com 30 fotos, e já há pelo menos mais cinco a serem reproduzidas pelo curador Antônio Nogueira Régis. Além de aumentar o número de retratos, já há proposta de ser itinerante. Esteve na Câmara Municipal, passou para a Biblioteca Pública e será levada para a Festa da Amizade, em Fortaleza, na semana que vem.
"Era exatamente o que a gente queria. Que as pessoas pudessem ver a exposição, sentir a falta de mais fotos e trazerem de seus pais, avós, bisavós. E assim vamos aumentando o nosso espaço de exibição", afirma Antônio Régis, que realizou a pesquisa ao longo de 2008, visitando as pessoas mais antigas da cidade e consultando historiadores e memorialistas. Quando não era a própria família que mandava a foto, amigos compartilhavam antigos álbuns com as fotografias que ganhavam de presente do casamento dos amigos.
O acervo concentra-se na segunda metade do século passado, mas algumas fotos, em pior estado, datam de 1890 e início dos anos 1900. São notadamente das famílias mais ilustres, que podiam pagar estúdios de fotografia para registrar o matrimônio. Nesse período, os "fotógrafos de casamento" ganhavam grande prestígio social. Só após a Segunda Guerra Mundial a fotografia se tornou acessível a todas as classes sociais, até que hoje pode-se comprar uma câmera analógica ou um celular com câmera digital. Durante esta semana, a exposição fotográfica se despede, temporariamente, da Biblioteca Municipal de Limoeiro do Norte e segue para a Festa da Amizade, realizada todos os anos pela colônia limoeirense em Fortaleza, e que acontece no próximo dia 19 de setembro. De acordo com Régis, será mais uma forma de ampliar o acervo fotográfico.
A exposição foi idealizada pelo artista plástico e realizada em parceria com a Secretaria Municipal da Cultura, que detem o espaço da exposição e quer difundir o trabalho, que pode ser copiado na região. Paralelo aos casamentos, Antônio Régis compila uma série de fotos da celebração de 1ª comunhão dos jovens de Limoeiro do Norte. Será outra exposição.
Mais informações
Biblioteca Municipal João Eduardo Neto - Limoeiro do Norte
Secretaria da Cultura
(88) 3423.1965
MELQUÍADES JÚNIOR
COLABORADOR