FOTOGRAFIA
A discussão sobre a fotografia ser ou não ser arte vem desde sua invenção, em meados do século 19. Muitos intelectuais franceses rejeitaram a novidade. O poeta Charles Baudelaire, por exemplo, deixou registrado em textos sua ironia e seu repúdio ao fato de o Salão da Academia de Belas Artes da França abrigar, em 1859, uma exposição de fotos. Para ele a fotografia “representava a decadência do gosto francês”, era um meio obsessivo para reproduzir e glamourizar o real.
– Nessa revolta contra o que chamava de hiperrealismo falava-se até em queimar fotógrafos na Praça de La Concorde (risos) – diz Zeca Linhares.
– Mas logo a fotografia ganhou o status da interpretação contemporânea da realidade, ou da ficção, já que é resultado da interpretação de alguém – afirma Ricardo Chaves, o Kadão, editor de Fotografia de ZH. – O curioso é que a fotografia libertou as amarras dos pintores realistas, que se viram desobrigados de reproduzir a realidade nos mínimos detalhes. A pintura pôde evoluir, então, para outros movimentos artísticos, como o impressionismo e o cubismo de Pablo Picasso.
Para Kadão, hoje os fotógrafos passam por processo semelhante ao dos pintores realistas, estão se libertando e percebendo que seu trabalho pode ser muito mais amplo.
– A fotografia é uma novidade na arte contemporânea, e a arte contemporânea é uma novidade na fotografia – complementa Carlos Carvalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário